segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

A toxina botulínica na prática odontológica: perguntas e respostas.


Há algum tempo a toxina botulínica deixou de ser apenas um artifício para amenizar rugas e marcas de expressão. Hoje, o complexo protéico purificado ganha espaço nos consultórios e clínicas odontológicas. 


A toxina botulínica já é bastante empregada em tratamentos cosméticos e neurológicos no Brasil e no mundo. Como se chegou à conclusão de que a substância também pode ser eficaz em tratamentos odontológicos?

A toxina botulínica tipo A é um complexo protéico purificado, de origem biológica, obtido a partir da bactéria Clostridium botulinum. O Clostridium botulinum é uma bactéria anaeróbia, que em condições apropriadas à sua reprodução (10°C, sem oxigênio e certo nível de acidez), cresce e produz sete sorotipos diferentes de toxina – conhecidos como A, B, C1, D, E, F e G. Dentre esses, o soro tipo A é o reconhecido cientificamente como o mais potente e o que proporciona maior duração de efeito terapêutico.

Em 1978, Allan B. Scott conduziu os primeiros estudos clínicos pilotos nos Estados Unidos com a aprovação do “Food and Drug Administration” (FDA), publicando resultados preliminares no tratamento de estrabismo com toxina botulínica em 1985. Em seguida, investigou os efeitos da toxina botulínica em casos de espasmos hemifaciais, torcicolo espasmódico e espasticidades de membros inferiores. Desde então, a toxina botulínica tipo A passou a ser opção de tratamento para blefaroespasmo e várias patologias neuromusculares.
Apesar de a toxina botulínica ser amplamente conhecida por sua utilização cosmética em injeções intramusculares para a redução de rugas faciais, a sua principal aplicação é voltada ao uso terapêutico. A utilização dessa toxina purificada em procedimentos cosméticos só foi aprovada pela ANVISA no Brasil em 2000 e nos EUA, pela FDA, em 2002.
Na Odontologia é usada há pelo menos 20 anos e tem apresentado um potencial de emprego como em casos de bruxismo, hipertrofia do masseter, disfunções temporomandibulares, sialorreia, assimetria de sorriso, exposição gengival acentuada e, mais recentemente tem sido descrita a utilização profilática para a redução da força muscular dos músculos masseter e temporal em alguns casos de implantodontia de carga imediata.



Existem estudos científicos sendo realizados sobre o uso do conhecido ‘botox’ na prática odontológica?

Sim. Depois das clínicas de dermatologia e de estética, os pacientes agora também podem recorrer aos consultórios odontológicos para a aplicação do Botox, que vem se revelando uma alternativa muito eficaz de tratamento estético para a beleza do sorriso. Como foi a primeira a ser liberada para uso estético, em rugas de expressão, o termo Botox acabou sendo utilizado para todos os medicamentos, a partir dessa toxina.

O uso dessa toxina na Odontologia vai desde exterminar por uns tempos as rugas de expressão do sorriso até o tratamento de dores de ATM (articulação temporomandibular) e ranger de dentes.
Quando a toxina é aplicada em pequenas doses, ela bloqueia a liberação de acetilcolina (neurotransmissor responsável por levar as mensagens elétricas do cérebro aos músculos) e, como resultado, o músculo não recebe a mensagem para contrair.



Quais tratamentos odontológicos podem ser realizados com o auxílio da toxina botulínica?

Eis alguns dos tratamentos.

  • Bruxismo: o músculo mastigatório trabalha além da conta à noite, o que desencadeia o atrito entre os dentes e, como consequência, seu desgaste. Tratamento convencional: com placas noturnas, para impedir o contato entre os dentes. Vantagens da toxina botulínica: o método tradicional atrapalha o descanso. Com a toxina, isso não ocorre.
  • Dor facial: trata-se de uma sensação dolorosa provocada por alterações nas articulações que ligam o maxilar à mandíbula — ali está localizado um complexo sistema de músculos, ligamentos e ossos. Tratamento convencional: com medicamentos, que podem provocar efeitos colaterais. Vantagens da toxina botulínica: é aplicada diretamente no músculo, sem reações desagradáveis.
  • Sorriso gengival: disfunção em que a gengiva é exposta excessivamente quando o indivíduo sorri. Tratamento convencional: por meio de cirurgia. Vantagens da toxina botulínica: não é invasiva, sendo aplicada nos músculos responsáveis pelo sorriso, relaxando essa musculatura.


Existe algum tipo de contraindicação no uso da substância na Odontologia?

A toxina botulínica é muito segura, principalmente quando aplicada em locais e doses recomendadas.

Ela não é tóxica ao ser humano uma vez que as doses utilizadas terapeuticamente estão distantes da dose letal humana. Além disso, já é utilizada em medicina há décadas. As contraindicações mais comuns são:

  • Doenças imunológicas e oftalmológicas com comprometimento muscular.
  • Pacientes em uso de antibióticos do grupo amino-glicosídeos por potencializarem as ações da toxina.
  • Pacientes com processos infecciosos e inflamatórios no local.
  • Gravidez e amamentação.
    Os intolerantes à lactose precisam evitá-la, pois o açúcar do leite serve como uma espécie de veículo para a droga. Para quem tem esse tipo de reação, existem outras formulações, geralmente mais caras. Também não se recomenda a toxina para indivíduos com atividade muscular comprometida, já que ela relaxará ainda mais o tecido.

Como a toxina botulínica pode beneficiar o exercício do cirurgião-dentista e também o paciente

A aplicação da toxina botulínica trouxe para os cirurgiões-dentistas mais uma ferramenta em alguns dos procedimentos terapêuticos realizados no consultório, e, para os pacientes uma significativa melhora em dores e desconfortos. A aplicação é rápida e simples e os resultados são imediatos.

Na Odontologia estética é possível entrar no consultório e em alguns minutos sair de lá com um sorriso novo. Com relação às patologias clínicas, a toxina revela resultados significativos na diminuição principalmente da dor.
A toxina botulínica começa a agir a partir de 24 a 48 horas após sua aplicação no músculo e seu pico máximo é no 15º dia.
A durabilidade do efeito depende de vários fatores individuais, mas geralmente gira em torno de cinco e seis meses. Depois desse período os músculos readquirem a capacidade normal de contração e a pele volta a enrugar. É importante esclarecer que não ocorre piora das rugas em relação ao período anterior à aplicação e também que há casos de pessoas resistentes à toxina e com durabilidade menor do que o normal da população.



Como o cirurgião-dentista deve agir para se atualizar sobre a nova técnica na prática odontológica?

Existem cursos de atualização profissional em toxina botulínica aplicada à terapêutica odontológica, e para o cirurgião-dentista que pretende trabalhar com esta técnica, é de fundamental importância o conhecimento profissional não apenas da anatomia da face, como também das características farmacológicas da toxina, como dosagem, mecanismos de ação, contraindicações e efeitos colaterais, antes de se optar pelo seu uso no tratamento das hipertrofias musculares. Como foi visto, o tratamento da hipertrofia muscular mastigatória com Toxina Botulínica Tipo A, surge como uma alternativa não invasiva para correção dessa patologia, devendo, no entanto, a dose e a frequência das injeções serem respeitadas.



Já existem dados que apontam o número de pacientes que optaram por tratamentos odontológicos com a toxina botulínica?

Tanto homens como mulheres querem e se beneficiam com a técnica, mas, disparadamente, encontramos as mulheres que querem melhorar o sorriso gengival. A procura ocorre entre as mulheres com 28 e 40 anos de idade, independente da classe social.



Como o profissional de saúde bucal deve agir para medir a relação custo x benefício da prática odontológica com toxina botulínica?

Atualmente todos os benefícios do uso da toxina botulínica com fins terapêuticos tornou-se uma realidade no arsenal clínico do cirurgião-dentista. O uso terapêutico da toxina botulínica vem sendo amplamente estudado na Odontologia nos últimos anos e hoje incorpora uma grande quantidade de possibilidades de uso, desde correções de sorrisos gengivais, minimização de dores de cabeça tensionais, auxílio no tratamento de disfunções de ATM, assimetrias de sorriso, sialorreia (excesso de produção salivar), bruxismo, etc.

Alguns fatores que precisam ser enfatizados:

  • A toxina botulínica não causa vício e não é um procedimento irreversível, sendo extremamente segura quando aplicada dentro das normas técnicas.
  • Seu uso em seres humanos é realizado exclusivamente por profissionais médicos e dentistas.
  • A frequência no uso da toxina botulínica deve ser rigorosamente controlada por um profissional devidamente capacitado e regulamentado para seu uso, sempre.
  • Não é aconselhável o seu uso em gestantes ou em fase de lactação.
  • A toxina botulínica tem elevada toxicidade em grandes dosagens devendo ser sempre manipulada e aplicada por profissional capacitado e regulamentado.
  • Os benefícios aparecem alguns dias após a aplicação e duram em média entre quatro e seis meses.


O Conselho Federal de Odontologia apresentou nota favorável ao uso da toxina botulínica para alguns casos exclusivamente dentro do âmbito legal do exercício da competência do cirurgião-dentista. Como essa aprovação pode alterar a rotina do profissional de saúde bucal?

Diante da grande polêmica em torno da utilização desses procedimentos pelos dentistas, o código que rege o exercício da Odontologia, o cirurgião-dentista está “habilitado a prescrever e administrar toda e qualquer substância farmacológica oral ou injetável que não extrapole os limites da Odontologia”. Neste contexto, o cirurgião-dentista que está devidamente treinado para terapêutica da toxina botulínica, ao fazer o uso do produto para o tratamento de afecções da boca e da face que se enquadre na clínica odontológica, está agindo dentro de suas atribuições.

A aplicação do botox é um procedimento muito rápido e o paciente não precisa de internação e nem anestesia, apenas repouso de algumas horas. Contudo, a recomendação do cirurgião-dentista nas quatro primeiras horas após a aplicação do produto é a de que os pacientes devem evitar utilizar muito os músculos da face (não sorrir ou falar muito, não massagear o local, não passar cremes e evitar atividade física no dia da aplicação).



A duração do efeito do tratamento pode variar conforme a resposta orgânica de cada paciente, mas geralmente os efeitos da aplicação duram uma média de seis meses e a aplicação é indolor, devido à anestesia “O tratamento pode ser repetido dentro de uma indicação correta, com toda segurança”.
Se realizado com profissionais competentes, o tratamento com Botox não apresenta maiores complicações (como cicatrizes, mudança na expressão facial). Somente profissionais habilitados e bem treinados podem realizar tais procedimentos. Ainda são poucos os dentistas que atuam nessa área, mas os profissionais acreditam que seja um novo e fértil campo para a Odontologia.


Fonte: http://www.odontomagazine.com.br/2012/02/27/a-toxina-botulinica-na-pratica-odontologica/

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