quinta-feira, 31 de março de 2011

Conhecendo o Diabetes

 

Diabetes Tipo 1


Introdução 
O diabetes Tipo 1 (DM1) é uma doença auto-imune caracterizada pela destruição das células beta produtoras de insulina. Isso acontece por engano porque o organismo as identifica como corpos estranhos. A sua ação é uma resposta auto-imune. Este tipo de reação também ocorre em outras doenças, como esclerose múltipla, Lupus e doenças da tireóide.
A DM1 surge quando o organismo deixa de produzir insulina (ou produz apenas uma quantidade muito pequena.) Quando isso acontece, é preciso tomar insulina para viver e se manter saudável. As pessoas precisam de injeções diárias de insulina para regularizar o metabolismo do açúcar. Pois, sem insulina, a glicose não consegue chegar até às células, que precisam dela para queimar e transformá-la em energia. As altas taxas de glicose acumulada no sangue, com o passar do tempo, podem afetar os olhos, rins, nervos ou coração.
A maioria das pessoas com DM1 desenvolve grandes quantidades de auto-anticorpos, que circulam na corrente sanguínea algum tempo antes da doença ser diagnosticada. Os anticorpos são proteínas geradas no organismo para destruir germes ou vírus. Auto-anticorpos são anticorpos com “mau comportamento”, ou seja, eles atacam os próprios tecidos do corpo de uma pessoa. Nos casos de DM1, os auto-anticorpos podem atacar as células que a produzem.
Não se sabe ao certo por que as pessoas desenvolvem o DM1. Sabe-se que há casos em que algumas pessoas nascem com genes que as predispõem à doença. Mas outras têm os mesmos genes e não têm diabetes. Pode ser algo próprio do organismo, ou uma causa externa, como por exemplo, uma perda emocional. Ou também alguma agressão por determinados tipos de vírus como o cocsaquie. Outro dado é que, no geral, é mais freqüente em pessoas com menos de 35 anos, mas vale lembrar que ela pode surgir em qualquer idade.

Sintomas
Pessoas com níveis altos ou mal controlados de glicose no sangue podem apresentar:
• Vontade de urinar diversas vezes;
• Fome freqüente;
• Sede constante;
• Perda de peso;
• Fraqueza;
• Fadiga;
• Nervosismo;
• Mudanças de humor;
• Náusea;
• Vômito 

Diabetes Tipo 2


Sabe-se que o diabetes do tipo 2 possui um fator hereditário maior do que no tipo 1. Além disso, há uma grande relação com a obesidade e o sedentarismo. Estima-se que 60% a 90% dos portadores da doença sejam obesos. A incidência é maior após os 40 anos.
Uma de suas peculiaridades é a contínua produção de insulina pelo pâncreas. O problema está na incapacidade de absorção das células musculares e adiposas. Por muitas razões, suas células não conseguem metabolizar a glicose suficiente da corrente sangüínea. Esta é uma anomalia chamada de "resistência Insulínica".
O diabetes tipo 2 é cerca de 8 a 10 vezes mais comum que o tipo 1 e pode responder ao tratamento com dieta e exercício físico. Outras vezes vai necessitar de medicamentos orais e, por fim, a combinação destes com a insulina.
Principais Sintomas:
  • Infecções freqüentes;
  • Alteração visual (visão embaçada);
  • Dificuldade na cicatrização de feridas;
  • Formigamento nos pés;
  • Furunculose.
  
DUVIDAS
1) Soube de um glicosímetro que não era necessário furar o dedo. Gostaria de saber se realmente existe e qual empresa fabrica. Foi diagnosticada diabetes tipo 1 na minha sobrinha de 2 aninhos e gostaria de adquirir o produto caso exista.
Dr. Aníbal Ribeiro: O Glucowatch não é comercializado no Brasil, por se tratar de um país de clima quente. Segundo o fabricante, o suor atrapalha a leitura do sensor.

2) Minha mãe tem diabetes e parece-me que ela está descompensada. Gostaria de saber quais são os sinais e sintomas dessa disfunção, pois volta e meia acontece essa situação.
Dr. Aníbal Ribeiro: Você pode ler mais sobre os sintomas de hiperglicemia neste site.

3) Tive a informação de que quem tem diabetes perderá, com o passar do tempo, todos os seus dentes e deverá usar prótese. Isso realmente é verdade? Não há solução pra mudar isso?
Dr. Aníbal Ribeiro: Não é verdade. O bom controle glicêmico pode evitar alterações dentárias, bem como outras complicações crônicas do diabetes. Mantenha um bom controle e faça exercícios regulares e uma dieta saudável. Converse com seu médico.

4) Minha filha faz tratamento para ovários policísticos e o médico me passou que quem apresenta este problema tem uma propensão a desenvolver o diabetes. Gostaria de saber se esta informação procede.
Dr. Aníbal Ribeiro: Sim. Aumenta o risco para diabetes tipo 2 devido à resistência insulínica. Uma alimentação saudável e atividade física regular minimizam esse risco.

5) Minha mãe, diabética, está internada para tratamento de uma ferida infectada no pé. Estou muito preocupado e gostaria de saber qual é a conduta médica mais adequada para o caso e também o que devemos perguntar ao médico para podermos colaborar da melhor forma para o restabelecimento de minha mãe.
Dr. Aníbal Ribeiro: É fundamental saber: a extensão da infecção - afastar osteomielite: ressonância magnética é o melhor método de imagem se raios-x seriados (intervalos de 15 dias) forem negativos; estado da circulação - avaliação por um cirurgião vascular periférico; e controle metabólico - monitorização da glicemia. Procure acessar o site da IDF pois há o Consenso Internacional 2007.

6) Eu gostaria de saber qual o valor máximo em % possa dar entre os testes feitos em laboratório e um medidor de glicose e entre dois medidores de marcas diferentes.
Dr. Aníbal Ribeiro: Existe uma variabilidade aceitável de 5-10% nas comparações com sangue venoso (laboratório).

7) Diabetes e bebida alcoólica combinam?
Dr. Aníbal Ribeiro: Diabetes e álcool não combinam porque a ingestão excessiva dessa bebida aumenta os triglicerídeos (gordura) no sangue e pode provocar hipoglicemias (baixa de açúcar) severas senão for ingerida conjuntamente com comida. Dessa forma, a bebida alcoólica é prejudicial em todos os sentidos para a pessoa com diabetes, além de a longo prazo, favorecer ao alcoolismo. A orientação da Associação Americana de Diabetes para a ingestão do álcool para a pessoa com diabetes é limitar a uma taça de vinho por dia para mulheres e duas para homens.

8) Minha sogra tem 62 anos e tem diabetes só que ela não se trata, toma o remédio da diabetes com pão, vive de batatas e afins, não faz nenhuma atividade física. Acredito até que ela já tenha desenvolvido a neuropatia diabética, pois ela reclama de dor forte nas pernas e não consegue mais subir escadas. O que posso fazer para conscientizá-la do problema? Pois só falar que faz mal não adianta, ela continua comendo e não faz nada. Eu estou tentando montar uma cartilha com as complicações e gostaria de incluir umas fotos, mas está difícil de arrumar um bom material na internet. O que vocês me sugerem?
Dr. Aníbal Ribeiro: Você procurar uma associação de pessoas com diabetes e inscrever sua sogra, para que ela participe de programas educativos, terapias e ter contato com outras pessoas que têm diabetes.

9) Existe remédio para a cura da impotência sexual causada pelo diabetes tipo II?
Dr. Aníbal Ribeiro: A disfunção erétil do diabético deve ser tratada com bom controle da glicose, da pressão arterial e do colesterol e, se necessário e possível, com drogas como viagra, cialis, etc.

10) Minha mãe possui diabetes e ela regula diariamente sua alimentação. Eu gostaria de saber se a diabetes causa enjôos sem o individuo ter ingerido nenhum tipo de alimento. Ela toma os remédios indicados pelo médico diariamente, mas esses enjôos vêm preocupando. Então, eu queria saber se é a diabetes, caso não teríamos que procurar um médico especialista em estômago.
Dr. Aníbal Ribeiro: O diabetes por si só não provoca enjôos, exceto nos casos em que a glicemia estiver muito elevada ou mantida alta durante muitos dias. É necessário fazer uma avaliação dos medicamentos que estão sendo tomados e procurar um gastroenterologista.



Fontes: Norwood, Janet W. & Inlander, Charles B. Entendendo a Diabetes – Para educação do Paciente. Julio Louzada Publicações. São Paulo, 2000.
Diabetes de A a Z: o que você precisa saber sobre diabetes explicado de maneira simples. American Diabetes Association. JSN editora. São Paulo, 1998

quarta-feira, 30 de março de 2011

Antiinflamatórios inibidores da COX-2 (coxibs): Seu uso vale a pena?

Os antiinflamatórios do grupo dos coxibs, dos quais permanecem em comercialização o celecoxib (Celebra(r)) e o etoricoxib (Arcoxia(r)), entraram no mercado a partir de 1999 como alternativas vantajosas para pacientes com problemas gastrintestinais - gastrites, úlceras, sangramentos gástrico ou duodenal. Foram apresentados como medicamentos seletivos, com potencial antiinflamatório e analgésico equivalente ao dos antiinflamatórios já conhecidos, sem provocar os efeitos gastrintestinais daqueles. Embora toda expectativa em torno dessa nova classe de medicamentos (visto que os antiinflamatórios não-corticóides ou não-esteróides - os chamados AINE - situam-se como as drogas mais prescritas em todo o mundo), vários estudos clínicos trouxeram novo olhar sobre este grupo.
As limitações referem-se à elevação do risco de eventos adversos cardiovasculares, especialmente o aumento da incidência de infarto agudo do miocárdio (IAM) e acidente vascular cerebral (AVC). Esses fatos levaram à retirada do mercado o rofecoxib (Vioxx(r), em 2004), o valdecoxib, em sua apresentação oral (Bextra(r), em 2005) e por último o lumiracoxib (Prexige(r), em julho de 2008).
O mecanismo que tornaria os coxibs tão interessantes (pois, com a mesma potência analgésica e antiinflamatória dos AINE anteriores, não mostrariam efeitos adversos gastrintestinais), começou a ser mais bem elucidado a partir dos anos 1990: os AINE - todos eles, de modo geral - agem bloqueando a enzima cicloxigenase-2 (COX-2), que catalisa a reação do ácido araquidônico, (ácido graxo presente nas membranas celulares), levando-o à formação de prostaglandinas pró-inflamatórias.
As prostaglandinas estão envolvidas em diversos processos, tanto fisiológicos como patológicos: vasodilatação ou vasoconstrição contração ou relaxamento da musculatura brônquica ou uterina hipotensão ovulação aumento do fluxo sangüíneo renal proteção da mucosa gástrica (com aumento da secreção do muco protetor) resposta imunológica e hiperalgesia, dentre outras funções.
Foram caracterizadas duas isoformas principais da cicloxigenase: a cicloxigenase-1 (COX-1) e a cicloxigenase-2 (COX-2), já citada. A primeira está presente em condições fisiológicas, principalmente nos vasos sanguíneos, plaquetas, estômago e rins. A COX-2, que se pensava estar presente apenas em situações inflamatórias, na verdade interfere em várias respostas fisiológicas, como transmissão de impulsos dolorosos, ação anti-aterogênica e vasoproteção (graças à prostaciclina, seu principal produto, que é um potente vasodilatador e anti-agregante plaquetário).
Voltando aos coxibs, sua ação antiinflamatória deve-se à inibição seletiva da COX-2, preservando a COX-1. Então, bloqueiam a isoforma da COX responsável pela inflamação (a COX-2) não interferindo com a COX-1, protetora do estômago.
Que ótimo! Seria possível prescrever AINE com muito mais segurança, melhor tolerância e com a mesma resposta analgésica e antiinflamatória.
Dez anos depois, foi possível verificar que as coisas não correram exatamente dessa forma: a inibição da COX-2 e manutenção da COX-1, para quem precisa usar AINES por um tempo maior (um ano, ou mais) mostrou, através de vários estudos clínicos, um aumento significativo da incidência de eventos trombóticos agudos.
Assim, constatou-se que a ativação da COX-1 - protetora da mucosa gástrica - também é responsável por efeitos vaso-oclusivos, como agregação plaquetária, vasoconstrição e proliferação de músculo liso no interior do vaso. E que a COX-2 (a isoforma envolvida no desenvolvimento da inflamação) é responsável também por vasodilatação, inibição da agregação plaquetária e da proliferação de músculo liso vascular.
É possível então visualizar que o mecanismo dos coxibs (inibição da COX-2 / preservação da COX-1) pode prejudicar o mecanismo do endotélio contra a agregação plaquetária, favorecendo o desenvolvimento de trombos cardíacos, e suas conseqüências.
Outro fato importante, embora ainda não-conclusivo, é a interação medicamentosa prejudicial entre a aspirina (em sua utilização como anti-agregante plaquetário) e os inibidores (especialmente os não-seletivos) da COX.
A aspirina é uma importante alternativa para o tratamento profilático de doenças de elevado risco tromboembólico, como infarto do miocárdio. No caso de utilização em conjunto com um AINE, poderá ocorrer uma competição entre a aspirina e o antiinflamatório, pelos sítios de ligação com a enzima. Ocorreria um bloqueio do acesso da aspirina aos seus locais de ligação, prejudicando o seu efeito cardioprotetor.
As alternativas possíveis para pacientes com risco tromboembólico que necessitem de terapia com antiinflamatórios, segundo o American College of Cardiology (ACC), são as seguintes:
• Uso continuado de aspirina em baixa dosagem, quando indicado
• Considerar alternativas aos AINE, como o uso de medicação tópica
• Os inibidores específicos de COX-2 devem ser utilizados quando há risco significativo de sangramento gastrintestinal, desde que não haja risco elevado de doença cardiovascular
• No caso do uso de inibidores específicos de COX-2 ser imprescindível, o paciente deve estar ciente dos riscos destes fármacos assim, a dose deve ser a mais baixa possível e o tempo de tratamento o mais curto possível.
• Complementando, não há estudos que mostrem segurança na utilização destes antiinflamatórios em pacientes menores de 18 anos.
Órgãos de fiscalização, como o FDA americano, receberam críticas severas sobre o controle e a fiscalização de tais medicamentos, no sentido de que deve haver uma educação contínua dos profissionais de saúde e orientação dos pacientes, mudanças nas bulas e nas indicações de uso e restrição do uso em determinados grupos de pacientes, entre outras providências.
Concluindo, o que temos até agora é que este grupo de antiinflamatórios inibidores seletivos da COX-2 apresenta limitações, pelos efeitos adversos expostos e pela própria resposta antiinflamatória, que não se mostrou superior aos AINE mais antigos. Tal constatação vem confirmar a cuidadosa avaliação necessária ao se prescrever estes fármacos como antiinflamatórios. No entanto, outros usos para agentes com ação nas ciclooxigenases estão sendo estudados, inclusive no tratamento do câncer e da doença de Alzheimer - assim, o interesse por drogas com este perfil permanece tão atual como era há anos atrás.

Fonte:
Vera Lúcia Pivello
Farmacêutica-bioquímica

Antidepressivos & Odontologia

O grande arsenal de medicamentos hoje conhecidos como antidepressivos é primordialmente utilizado para restaurar pacientes mentalmente deprimidos até um estado mental melhorado. Não têm por finalidade sedar o paciente (para tanto são usados os ansiolíticos – calmantes), ou deixá-lo mais “alerta” (nesse caso, utilizam-se os estimulantes, hoje com indicações clínicas bastante restritas e específicas).
São várias as teorias propostas para explicar as causas bioquímicas da depressão, em suas várias modalidades. Em sua maioria, tais teorias atribuem um papel fundamental a determinadas substâncias presentes nas sinapses neuronais (as “fendas” entre os neurônios) – estas substâncias, chamadas de neurotransmissores, são responsáveis pela condução do impulso nervoso. Quimicamente, são aminas, não sendo desconhecidas para nós: todos já ouvimos as denominações dopamina, noradrenalina, serotonina.
Assim, a depressão resultaria de distúrbios na atividade funcional destes neurotransmissores e a administração do antidepressivo visa restaurar tal atividade. Sua função é elevar os níveis de serotonina ou de noradrenalina, ou de ambas, no Sistema Nervoso Central (SNC). Os efeitos não se fazem sentir de imediato: são necessárias, em média, duas semanas até que se comece a perceber seus resultados.
Estes medicamentos possuem outros empregos, além da depressão: fazem parte do tratamento de dores crônicas como a fibromialgia na bulimia/anorexia nervosa são importantes no controle dos transtornos compulsivos auxiliam no tratamento antitabagismo atuam na profilaxia de alguns tipos de cefaléia, e no tratamento da enurese noturna em crianças maiores de seis anos.
No âmbito da Odontologia, há muitas implicações com relação ao uso de antidepressivos, sendo:
- Quanto às interações destes fármacos com os medicamentos utilizados rotineiramente em consultório: os vasoconstritores, como a epinefrina e a norepinefrina, interagindo com o antidepressivo – em especial os da classe dos tricíclicos e os inibidores da MAO, explicados a seguir – podem causar aumento da pressão arterial e arritmia cardíaca. Outro efeito possível, não dose-dependente, é a hipotensão ortostática – que por sua imprevisibilidade, pode causar quedas, síncopes e acidentes vasculares
- Quanto aos efeitos adversos comuns aos próprios fármacos antidepressivos, especialmente os efeitos anticolinérgicos, como a xerostomia, que leva a cáries, infecções e fissuras nos cantos dos lábios. Também são citados edema facial (com o uso de mirtazapina, mianserina), disfagia (uso de maprotilina, paroxetina, bupropiona, venlafaxina, clomipramina), abcesso e úlcera oral (uso de nefazodona, venlafaxina, clomipramina).
Esses fármacos são explicados a seguir, dentro dos grupos farmacológicos a que pertencem.
O grupo mais antigo e ainda amplamente utilizado é a família dos tricíclicos: deste grupo fazem parte a imipramina (Tofranil®), a amitriptilina (Tryptanol®), a clomipramina (Anafranil®). Além da utilização na depressão e outros distúrbios afetivos (fobias, transtorno obssessivo-compulsivo – TOC, síndrome do pânico), são coadjuvantes valiosos no tratamento das dores crônicas, trazendo alívio não só ao humor deprimido de quem sofre uma dor contínua, mas também à dor em si.
Aumentam os níveis de serotonina, noradrenalina e dopamina no SNC. Seus efeitos adversos são, na maioria, devidos à sua atividade anticolinérgica: secura de boca, constipação, rubor, taquicardia. Também podem trazer sonolência ou agitação (no início do tratamento) e aumento do apetite com conseqüente ganho de peso.
Outro grupo de antidepressivos é o dos inibidores da MAO (Monoaminooxidase, enzima que degrada, ou seja, “desmancha” as aminas neurotransmissoras). A idéia é que, com a MAO inibida, ocorra uma “sobra” de aminas nas sinapses, normalizando o humor. Só que estes fármacos são os “patinhos feios” entre os antidepressivos e seu uso está caindo: com eles, é maior a possibilidade de crises hipertensivas, agitação e confusão, além de interagirem com mais intensidade com outros medicamentos. Inclusive, quem está utilizando um antidepressivo deste tipo não deve ingerir (ou ingerir pequenas quantidades) de alimentos que contêm tiramina (substância que é convertida a serotonina no organismo): queijos amarelos, vinho tinto, cerveja e levedura de cerveja, alimentos defumados, chocolate em grande quantidade.
Os antidepressivos Inibidores da MAO são a tranilcipromina (Parnate®) e a moclobemida (Aurorix®).
Uma reviravolta aconteceu no mercado dos antidepressivos e na maneira de se encarar a depressão, há duas décadas atrás: o lançamento do Prozac® (fluoxetina) trouxe mais conforto aos pacientes que necessitavam de tratamento medicamentoso para a depressão (por possuir efeitos adversos mais brandos), além de desmistificar a própria doença. Isso porque, até então, pessoas com depressão sofriam um preconceito enorme, hoje, o tratamento é visto com muito mais naturalidade: ninguém se sente diminuído ao ser diagnosticado como um paciente com depressão. Até já foi lançado nos EUA o Prozac para cães, ainda não disponível no Brasil.
Tal familiaridade com os antidepressivos pode sugerir que a depressão deixou de ser uma doença séria, e não é assim: o problema deve ser cuidadosamente avaliado - o que se vê também é um fenômeno de banalização, com prescrição de medicamentos sujeitos a retenção de receita (como são os antidepressivos) por qualquer motivo. Por outro lado, tais medicamentos passaram a tratar outros problemas, como vimos no início deste artigo.
O Prozac e seus sucessores são chamados de antidepressivos Inibidores Seletivos da Recaptação da Serotonina (ISRS). Seus efeitos adversos são menos intensos porque eles atuam seletivamente sobre a serotonina, não interferindo (ou interferindo muito pouco) com os outros neurotransmissores (noradrenalina e dopamina, por exemplo). A expressão “Inibidores da Recaptação” quer dizer que o neurotransmissor – a serotonina, no caso – tem sua degradação inibida, ficando por mais tempo nos locais de ação (as sinapses neuronais).
Estão sendo avaliados os benefícios destes antidepressivos mais recentes em situações onde os tricíclicos, mais antigos, já se mostraram eficientes – como na dor crônica.
Os ISRS podem causar aumento no tempo de sangramento, fato que deve ser observado previamente a procedimentos cirúrgicos.
Outra possibilidade dos ISRS é o bruxismo – isso porque tais drogas aumentam os níveis de serotonina e inibem os níveis de dopamina, responsável pelos movimentos musculares.
Dentre os antidepressivos mais recentes que se destacam estão a venlafaxina (Efexor®), a mirtazapina (Remeron®) e a duloxetina (Cymbalta®), mais potente que a fluoxetina - ela se mostra promissora como antidepressivo e também para outros usos: na dor crônica neuropática e no controle da incontinência urinária (nesta situação, pelo aumento da atividade do músculo esfíncter da uretra).
Há muitos outros fármacos: a paroxetina (Aropax®) a sertralina (Zoloft®), que tem seu uso como antidepressivo consolidado, com efeitos anoréticos e antiobssessionais o citalopram (Cipramil®), que é um dos poucos antidepressivos excretados pela urina, e parece exercer efeitos mínimos sobre o sistema cardiovascular. Tais características o fazem adequado no tratamento de idosos e de pacientes que não toleram os efeitos adversos comuns aos antidepressivos tricíclicos. A bupropiona (Zyban®) tornou-se mais usada na clínica médica como auxiliar para o abandono do tabagismo do que como antidepressivo, apenas.
Existem ainda outras alternativas, já que este foi um dos campos onde a pesquisa farmacêutica mais investiu e se desenvolveu, nas últimas duas décadas.
Todos estes medicamentos devem, no entanto, ter seu uso acompanhado para os possíveis efeitos adversos, entre os quais insuficiência hepática e aumento da pressão intra-ocular.
Sua retirada é sempre gradativa. A interrupção abrupta pode causar transtornos do equilíbrio, alterações gastrintestinais, alterações sensitivas/sensoriais (parestesias, sensação de “choque elétrico’), insônia, agitação, irritabilidade, desânimo.
O único fármaco que não parece causar problemas na retirada é a fluoxetina, e este fato pode estar relacionado à maior meia-vida que possui.
Para superar as barreiras naturais do paciente depressivo e obter as informações necessárias, o Cirurgião-Dentista deve mostrar-se atencioso e lembrar ao paciente que tais informações são indispensáveis ao bom planejamento do tratamento.
O profissional deve estar consciente que a maior lentidão das funções hepática e renal, inerentes ao paciente idoso, pode levar à maior dificuldade de metabolização das drogas, e a interação entre os medicamentos por ele prescritos e aqueles que o paciente já utiliza torna-se mais significativa. Para os pacientes idosos, que geralmente fazem uso de vários medicamentos, as doses dos medicamentos prescritos pelo Cirurgião-Dentista devem ser cuidadosamente avaliadas e ajustadas, verificando a orientação específica para cada fármaco.
Salienta-se que os analgésicos e antiinflamatórios interferem também com as funções do Sistema Nervoso Central (são depressores do SNC), e estão entre os grupos de medicamentos mais prescritos pelo Cirurgião-Dentista.
Os tratamentos para depressão se tornam cada vez mais comuns, e é preciso considerar que o tempo de uso destes medicamentos é grande (em geral, o tratamento farmacológico prossegue por um a dois anos e a retirada é gradual).
Torna-se necessário ao Cirurgião-Dentista conhecer melhor o comportamento desses fármacos, para desenvolver seus procedimentos com tranqüilidade.

Fonte:
Vera Lúcia Pivello
Farmacêutica-bioquímica da APCD

sexta-feira, 18 de março de 2011

Pesquisa avalia impactos causados por problemas bucais no desempenho das pessoas.

Pesquisa avalia impactos causados por problemas bucais no desempenho das pessoas
Mais de dois terços dos participantes tiveram pelo menos um desempenho diário afetado por problemas odontológicos nos últimos seis meses. Mulheres de baixas renda e escolaridade relatam maior comprometimento das funções.
Os problemas de saúde bucal têm sido cada vez mais reconhecidos como importantes causadores de impacto negativo no desempenho diário e na qualidade de vida dos indivíduos e da sociedade. Além de causarem dor, as doenças bucais provocam sofrimento, constrangimentos psicológicos e privações sociais, ocasionando prejuízos individuais e coletivos. Isso é o que mostram Andréa Gomes e Claides Abegg, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em um estudo que teve como objetivo investigar a prevalência do impacto bucal no desempenho diário de adultos brasileiros, avaliando sua associação com as variáveis sócio-demográficas e clínicas.
O trabalho foi realizado em 2005 com 276 funcionários do Departamento Municipal de Limpeza Urbana de Porto Alegre, com idade entre 35 e 44 anos. De acordo com artigo publicado na edição de julho de 2007 dos Cadernos de Saúde Pública, “os indicadores sócio-dentais conseguem mensurar o grau em que as doenças bucais interferem no funcionamento normal e desejável do indivíduo, desde os aspectos funcionais (como, por exemplo, comer), os psicológicos (como humor, irritação) até os sociais (como freqüentar a escola, trabalhar, desempenhar obrigações familiares)”.
A equipe observou que, do total de participantes, 73,6% tiveram pelo menos um desempenho diário afetado por problemas odontológicos nos últimos seis meses. O mais afetado foi comer e apreciar a comida (48,6%). O desconforto (40,6%) e a insatisfação com a aparência (31,5%) foram os sintomas mais prevalentes. Já a falta de dentes (21,7%) e a dor de dente (20,7%) foram as principais causas percebidas de impacto no desempenho diário. Além disso, os especialistas verificaram associação significativa entre sexo e a maioria dos impactos nos desempenhos diários, em que as mulheres relataram maior comprometimento das funções do que os homens. Também houve associação significativa entre escolaridade e renda. “Baixo nível de escolaridade e baixa renda têm relação com uma maior prevalência de impactos bucais”, afirmam no artigo.
Apesar disso, os pesquisadores ressaltam a importância de se fazer novas pesquisas sobre o assunto: “são necessários estudos com outras faixas etárias e culturas envolvendo indicadores subjetivos, a fim de integrar estimativas de tratamento, ampliar os conceitos de saúde bucal e monitorar a redução do impacto odontológico por meio da atenção em saúde bucal”.




quarta-feira, 16 de março de 2011

O consultório

1) Empresarial Santa Sicília, situado na Av. Eng. Domingos Ferrreira, nº 2215, Boa Viagem, Recife-PE.


2) Recepção
3) Consultório

4) Raio X


5) Esterilização (Autoclave)



Marque já sua consulta: (81) 3088-8482

quinta-feira, 10 de março de 2011

Você sabe o que é Bruxismo?

Bruxismo é o hábito de ranger e/ou trincar os dentes durante o sono. É uma das desordens funcionais dentárias mais complexas e destrutivas, que resulta no desgaste dos dentes de maneira anormal e avassaladora, podendo ocasionar dor nos dentes, prejuízo estético, entre outros problemas. 



O bruxismo está intimamente ligado a estresse emocional e físico, e consiste na forte contração dos músculos da mastigação. Por isso, pacientes portadores de bruxismo geralmente sentem os músculos da face doloridos ao acordar. Outros sintomas comuns são dores de cabeça que podem atingir até os ouvidos, dores na articulação da mandíbula, desgaste dentário, ruído característico durante o sono, sensibilidade dental, dificuldade para abrir a boca, ruídos na articulação, entre outros.

Pacientes com bruxismo devem usar uma placa mio-relaxante, confeccionada pelo dentista, que reduz a atividade muscular e protege os dentes do desgaste destrutivo. Além disso, um programa de redução do estresse deve ser pesquisado para cada caso. 



A propósito: chama-se bruxismo, porque deriva da palavra grega "bruxus", que significa atrito, e portanto não tem nada a ver com velhinhas mal-encaradas. 

att,
Dr. Aníbal Ribeiro.

Marque já sua consulta: (81) 3088-8482

Erosão ácida


Muitas das comidas e bebidas que integram a dieta moderna, incluindo sumos de fruta, vinagre balsâmico, vinho e muitas frutas contêm ácidos que amolecem o esmalte dentário e podem conduzir a uma condição chamada erosão ácida.
Isto acontece quando a superfície do dente é exposta a ácidos oriundos de comidas e bebidas. Neste ponto, a camada dura de esmalte amolece temporariamente.
Com o passar do tempo, este amolecimento pelos ácidos pode causar um desgaste significativo, particularmente, quando combinado com a abrasão pela escovação dentária.
A crescente longevidade da dentição, combinada com a dieta moderna, leva a que os efeitos do desgaste (incluindo os provocados pela erosão) sejam mais comuns e evidentes. Quase todas as pessoas com dentes naturais estão sujeitas a desenvolver alguns sinais de erosão ácida. 



O que procurar?

Estados iniciais:
  • sensibilidade no momento do consumo de comidas ou bebidas frias;
  • aspecto arredondado da superfície do dente;
  • os dentes tornam-se amarelados à medida que os ácidos desgastam o esmalte e a dentina subjacente vai sendo exposta.
Estados avançados:
  • coloração ainda mais escura dos dentes;
  • transparência dos bordos incisais;
  • pequenos traços de fractura nos bordos incisais;
  • sensibilidade severa;
  • pequenas fossas na superfície dos dentes.
Erosão ácida: prevenção
Os efeitos da erosão ácida podem afectar pessoas de todas as idades e, uma vez presentes, não podem ser revertidos - a protecção é a melhor política.

O que pode fazer?
  • Evitar escovar os dentes com força usando escovas duras e pastas abrasivas.
  • Beba os refrigerantes ou bebidas gaseificadas rapidamente - não as agite ou retenha por longos períodos na boca.
  • Escolha uma pasta dentífrica que tenha uma baixa abrasividade, isenta de ácidos e com alto teor de flúor biodisponível. Evite pastas clareadoras.

att,

Dr. Aníbal Ribeiro.

Marque já sua consulta: (81) 3088-8482

sexta-feira, 4 de março de 2011

Carnaval x Doença do beijo (Mononucleose)


A mononucleose infecciosa é uma doença contagiosa, causada por um vírus da família do herpes chamado de vírus Epstein-Barr (EBV) e transmitida através da saliva. É mais comum em adolescentes e adultos jovens e se caracteriza pela tríade clínica de febre, dor de garganta e aumento dos linfonodos.No carnaval o ídice de doenças transmissíveis aumenta bastante, então vale apena entender melhor e prevenir-se.

Transmissão da mononucleose infecciosa

O vírus Epstein-Barr é transmitido de humano para humano, através da saliva. Por esse motivo ganhou a alcunha de "doença do beijo". Além do beijo, pode-se contrair mononucleose através da tosse, espirro e objetos como copos e talheres. Apesar de se transmitir de modo semelhante a gripe, o Epstein-Barr é um vírus menos contagioso, o que faz com que seja possível haver contato com pessoas infectadas e não se infectar.

Um indivíduo infectado pelo EBV pode manter-se com o vírus na sua orofaringe por até 18 meses após a resolução dos sintomas, podendo contaminar pessoas que com quem mantenha algum contato íntimo, principalmente se prolongado. Em 2004 um trabalho demostrou que a maioria dos pacientes ainda tinha o vírus na sua orofaringe mesmo 8 meses após o fim dos sintomas.

Na verdade, a maioria das pessoas que desenvolvem mononucleose não se recorda de ter tido contato com alguém doente, e a própria pessoa que transmite o vírus sequer imagina que ainda possa transmiti-lo.

Não é de se estranhar, portanto, que apesar da baixa infectividade, em alguns países mais de 90% da população adulta apresente sorologias positivas para EBV.

Na maioria dos casos, os pacientes têm contato com o vírus da mononucleose pela primeira vez ainda durante a infância.

Sintomas da mononucleose

Quando adquirida na infância, a mononucleose costuma passar despercebida. Menos de 10% das crianças infectadas apresentam sintomas. Essa incidência começa a subir com o passar dos anos, atingindo seu ápice entre os 15 e 24 anos. Esta é a faixa etária que mais costuma apresentar infecção sintomática. A mononucleose é rara após o 40 anos, uma vez que virtualmente todos neste grupo já terão sido expostos ao vírus em algum momento da vida.

Nas pessoas que desenvolvem sintomas, o período de incubação, ou seja, desde o contato até o aparecimento da doença, é em média de 4 a 8 semanas.

O quadro clínico típico envolve febre, cansaço, dor de garganta e aumento dos linfonodos do pescoço (ínguas). É um quadro muito semelhante as faringites comuns causadas por outros vírus e bactérias.
 
Outros sintomas inespecíficos como dor de cabeça, dores musculares, tosse e náuseas também são comuns.

Na mononucleose a fadiga costuma ser intensa e persiste por semanas após a resolução do quadro. O aumento dos linfonodos também é um pouco diferente da faringite comum, acometendo preferencialmente as cadeias posteriores do pescoço e frequentemente se espalhando pelo resto do corpo. Uma dica para o diagnóstico diferencial entre as faringites bacterianas e a mononucleose é o aparecimento de uma rash (manchas vermelhas) pelo corpo após o início de antibióticos, principalmente amoxacilina.
Mononucleose - rash

Outro sinal característico da mononucleose é o aumento do baço, chamado de esplenomegalia. Quando este ocorre, é necessário manter repouso, devido ao risco de ruptura do mesmo. A ruptura esplênica (ruptura do baço) é rara, mas quando acontece leva a risco de morte devido ao intenso sangramento que se sucede. O baço aumenta tanto de tamanho que pode ser palpável abaixo do gradil costal esquerdo.

Mononucleose - esplenomegalia O acometimento do fígado não é incomum, podendo levar a um quadro de hepatite com icterícia e aumento do fígado em até 20% dos casos. Outras complicações descritas, porém, menos comuns, são a síndrome de Guillain-Barré e a paralisia facial.

Um fato que causa confusão, inclusive entre médicos, é a diferença entre a doença mononucleose infecciosa e a síndrome de mononucleose. O primeiro é causado pelo Epstein-barr vírus e é o alvo de discussão deste texto. O segundo engloba todos os agentes etiológicos que podem cursar com dor de garganta, aumento de linfonodos, febre e aumento do baço. Entre eles destacam-se o HIV, citomegalovírus, linfomas e toxoplasmose. Portanto, ter mononucleose infecciosa é diferente de ter uma síndrome de mononucleose.

Diagnóstico da mononucleose

O diagnóstico é feito através do quadro clínico e confirmado por análises de sangue.

No hemograma da mononucleose um achado típico é o aumento do número de leucócitos (leucocitose), causado pela maior produção de linfócitos (linfocitose). Na faringite bacteriana, são os neutrófilos que encontram-se elevados

Quando o fígado é acometido, pode haver elevação da TGO e TGP.

O diagnóstico definitivo, porém, é feito através da sorologia, com a pesquisa de anticorpos. O mais comum e simples é um exame chamado monoteste.

Tratamento da mononucleose

O tratamento baseia-se em sintomáticos e repouso. Não há droga específica para o vírus e o quadro costuma se resolver espontaneamente em 2 semanas.

Devido ao risco de ruptura do baço, recomenda-se evitar exercícios por pelo menos 4 semanas.

Durante muitos anos se associou a mononucleose com a síndrome da fadiga crônica. Porém, hoje sabe-se que a fadiga da mononucleose é diferente. O cansaço prolongado que pode ocorrer normalmente não vem associado com os outros sintomas da síndrome e normalmente ocorre por reativações mais fracas do vírus.

Por Dr. Aníbal Ribeiro.
 
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