Autores:
Luciana Granado Lage* - Rivail Antonio Sérgio Fidel Júnior* - Roberto Elias** - Fernando Fadel** - Jayme Guitmann**
Resumo
Os achados sobre Paralisia Facial e Parestesia são muito comuns em
Odontologia. Tais patologias com etiologias parecidas, porém com
prognósticos diferentes, se caracterizam basicamente pela interrupção do
influxo nervoso de qualquer segmento do nervo afetado. Neste trabalho
serão descritas, com base em revisão de literatura, condutas
estomatológicas e relacionadas a métodos de diagnóstico e terapêuticas,
frente a essas patologias.
Palavras-chaves: paralisia facial; parestesia; condutas terapêuticas.
Introdução
O nervo facial, VII par craniano, é responsável pelos movimentos da face,
ou seja, da mímica facial, e quando lesado cessa os movimento
musculares da hemiface afetada desde o supercílio até a boca. Dentre as
causas da paralisia facial, temos: idiopática, traumática, infecciosa,
neoplasia, metabólica, congênita, vascular e tóxica. Devemos saber
diferenciar as paralisias das parestesias, sendo a última, descrita como sensações estranhas de "formigamento" na área compreendida pelo nervo afetado.
Revisão de Literatura
Paralisia Facial
Segundo Duus (1985) e Santos (2000), a paralisia facial ocorre quando
há compressão do nervo facial, por algum processo mórbido qualquer, na
região parotídea, sendo esta lesão homolateral, ou seja, o lado afetado
será o lado onde estiver a lesão.
Etiologia
A etiologia da paralisia facial pode ser dividida em: idiopática;
traumática; infecciosa; neoplásica; metabólica; congênita; vascular e
tóxicas.
Idiopática ou Paralisia de Bell
Estudos realizados com pacientes submetidos a rápidas oscilações de
temperatura, mostraram que em poucos dias os pacientes apresentaram
paralisia hemifacial. Em 80% dos casos ocorreram melhora em poucos dias,
mas em 20% dos casos não houve melhora, devido a erros na reorientação
das fibras nervosas.
Traumática
A paralisia facial de ordem traumática pode acometer os indivíduos
sob várias formas, como por exemplo, objetos cortantes, perfurantes,
projéteis de arma de fogo na face, acidentes automobilísticos, traumas
cirúrgicos, entre outros (CHEVALIER 1990; CAMBIER; MASSON; DEHER 1983).
Infecciosa
Podemos ter algumas lesões do nervo facial de origem infecciosa, como:
- Meniginte: com comprometimento da bainha do nervo craniano, as
reações inflamatórias ou exudativas causam paralisia facial (BENTO;
BARBOSA 1994).
- Otite: ocorre compressão, inflamação ou mesmo destruição do nervo
facial, pois a otite pode se apresentar desde uma leve supuração até a
necrose dos ossos (BENTO; BARBOSA 1994).
- Herpes Zoster: ocorre por um processo inflamatório agudo em
gânglios sensitivos, o vírus atinge - por um processo desconhecido -
nervos de um mesmo lado de corpo. Ocorre o aparecimento de vesículas,
dores, diminuição sensibilidade e por fim a paralisia do nervo (MARTINS;
KWIECZISKI 1994).
Neoplasias
A lesão ao nervo facial pelas neoplasias se dá por compressão do
nervo, bem como destruição do mesmo. As neoplasias mais comuns são: da
glândula parótida, do tronco cerebral e quarto ventrículo, do ângulo
ponto cerebelar na base do crânio (CHEVALIER 1990).
Metabólicos
Em diabéticos,
a paralisia facial é causada por disfunções metabólicas. De patogenia
mista, de um lado haveria insuficiente circulação no vasa-neverum do
facial, e por outro agiria a deficiência relativa de aneurisma (MAY
1979).
Congênitas
Há dois tipos de paralisias faciais congênitas, segundo Chevalier (1990).
- Não desenvolvimento dos núcleos celulares pontinos, que dariam origem às fibras do nervo facial.
- Paralisia facial do tipo "Heller", que consiste na não formação do pavilhão da orelha e outras estruturas circunvizinhas.
- Não desenvolvimento dos núcleos celulares pontinos, que dariam origem às fibras do nervo facial.
- Paralisia facial do tipo "Heller", que consiste na não formação do pavilhão da orelha e outras estruturas circunvizinhas.
Vascular
Um bloqueio na circulação arterial que nutre o nervo pode causar a paralisia facial (DORRETO, 1998; SANTOS, 2000).
Tóxicas
Em relação à paralisia facial tóxica, somente a Toxicose pode causar
lesão isolada do nervo facial, pois as demais lesões por agentes tóxicos
fariam com que o nervo facial fosse mais um nervo afetado, já que há um
quadro de polineuropatia (BENTO e BARBOSA 1994).
Sinais e Sintomas
De acordo com estudos de Bento e Barbosa (1994), o paciente afetado pela paralisia facial apresenta assimetria da face, tendo a hemiface paralisada.
O olho do lado afetado está mais aberto, sendo incapaz de fecha-lo, a
comissura labial está repuxada assobiar. A sintomatologia apresentada é
de perda de sensibilidade no lado afetado e perda dos movimentos
musculares do lado afetado da face.
Diagnóstico Diferencial
Segundo Machado (1993), como diagnóstico diferencial podemos considerar a paralisia facial central,
que como sinais, apresenta a parte superior da face poupada (músculo
orbicular dos olhos), sendo afetada somente o terço inferior da face,
diferente da paralisia facial, onde toda hemiface é afetada.
As paralisias faciais periféricas são totais, já nas centrais, pode
haver contração involuntária da musculatura mímica como manifestação
emocional, ou seja, o paciente pode contrair a musculatura do lado
afetado quando ri ou chora, mas não os contrai voluntariamente. A
paralisia facial é homolateral, correndo do mesmo lado da lesão e as
paralisias centrais são contralaterais, ocorrem do lado oposto da lesão.
Tratamento
Antes de iniciarmos o tratamento devemos analisar primeiramente a
etiologia da paralisia facial, pois, se estivermos diante de uma
infecção, provavelmente ministraremos antibióticos ou antivirais, para
tratamento inicial.
Em casos de compressão do nervo facial por edema pós-trauma (paralisia facial traumática),
iremos aguardar para que os movimentos voltem gradativamente, não tendo
êxito, usaremos corticóides (prenidsona), Adour (1982). Outra opção,
segundo Vasconcelos (2001), seria a descompressão cirúrgica.
Outra conduta também aceita, como descrito por Cintra et al. (1957)
podem ser com tratamento medicamentoso, tendo assim a vitamina B1, e o
complexo B, associadas à estricnina na dose de 1mg por ampola, em
injeções intramusculares diárias, até atingir 12 ampolas (este é um
tratamento clássico). Outra forma seria o uso de cortisona, 100mg a cada
6 horas durante os dois ou três primeiros dias, para que, se houver
melhora, haver um espaçamento entre as doses iniciais. Neville et al.
(1998), descrevem que não há um tratamento efetivo para a paralisia de
Bell, os sintomas tendem a regredir dentro de um a dois meses, embora
haja uma melhora com o uso de histamina ou medicamentos vasodilatadores.
Temos algumas outras condutas terapêuticas como exemplo, a
crioterapia, Rodrigues (1995), utilizada a mais de 100 anos para
tratamento de disfunções neurológicas e traumáticas, esta técnica
consiste em utilizar pedras de gelo na hemiface afetada com movimentos
rápidos, agindo na musculatura de maneira que haja uma despolarização
das fibras nervosas, gerando estímulo ao músculo para que se contraia.
Temos também, como descrito por Clayton (1999), a eletroterapia, que é
um estímulo sensitivo/motor à musculatura, onde é escolhida uma
corrente adequada onde teremos o tempo de pulso e intensidade de
corrente para cada caso, de acordo com o eletrodiagnóstico prévio, que é
um método de diagnóstico realizado com corrente galvânica interrompida e
exponencial, facilitando assim a escolha de tempo de duração, variação
de tempo de intensidade e freqüência dos estímulos. Caso não haja o
eletrodiagnóstico prévio, estaremos aumentando possíveis efeitos
colaterais, como a contratura muscular.
Outro tipo de tratamento utilizado é a termoterapia, onde iremos
utilizar o calor superficial, através de compressas quentes pela
radiação infravermelha, aumentando o metabolismo e diminuindo a tensão
Krussen (1998).
A cinesioterapia consiste em uma boa terapêutica, onde serão realizados exercícios como contração e relaxamento, objetivando desde a estimulação motora até o fortalecimento muscular. O paciente irá se aproximar de um espelho, e diante dele irá realizar movimentos pré-estabelecidos pelo profissional (DANIELS e WARTHINGHAM, 1987).
Publicidade Outra conduta terapêutica, segundo Boigey (1996), é a massoterapia. Quando o músculo se encontra encurtado ou em contratura, tenta-se o relaxamento do mesmo através de massagens, melhorando o fluxo sanguíneo na região, que irá contribuir para o metabolismo adequado e trofismo tecidual. Além dessas terapêuticas também dispomos da acupuntura, do Shiatsu, e mais recentemente, da mobilização neural ou neurodinâmica, que consiste em restaurar a complacência da fibra nervosa e do movimento, e no tratamento, vem a somar para o restabelecimento do paciente afetado.
A cinesioterapia consiste em uma boa terapêutica, onde serão realizados exercícios como contração e relaxamento, objetivando desde a estimulação motora até o fortalecimento muscular. O paciente irá se aproximar de um espelho, e diante dele irá realizar movimentos pré-estabelecidos pelo profissional (DANIELS e WARTHINGHAM, 1987).
Publicidade Outra conduta terapêutica, segundo Boigey (1996), é a massoterapia. Quando o músculo se encontra encurtado ou em contratura, tenta-se o relaxamento do mesmo através de massagens, melhorando o fluxo sanguíneo na região, que irá contribuir para o metabolismo adequado e trofismo tecidual. Além dessas terapêuticas também dispomos da acupuntura, do Shiatsu, e mais recentemente, da mobilização neural ou neurodinâmica, que consiste em restaurar a complacência da fibra nervosa e do movimento, e no tratamento, vem a somar para o restabelecimento do paciente afetado.
PARESTESIA
A parestesia consiste em sensações desagradáveis, mais ou menos
permanentes que traduzem irritação de nervos periféricos sensitivos ou
de raízes posteriores. As parestesias freqüentemente se associam à dor e
costumam se traduzir principalmente por "formigamento" (SANVITO, 2000).
Machado (1993), diz que as parestesias são sensações estranhas, onde
não há a total perda de sensibilidade, mas Rowland (1997) cita que as
parestesias são sensações anormais espontâneas, descritas como uma
sensação de "formigamento". Sendo reconhecidas por qualquer pessoa que
já recebeu uma injeção de anestésico local em tratamentos odontológicos.
Quando não persistem, as parestesias podem não indicar uma lesão
neurológica, mas já quando persistentes, indicam anormalidade das vias
sensoriais. Segundo Madi (2000), as causas da parestesia podem ser as
seguintes: (1) uma agressão traumática; (2) agressão que parte dos
tecidos circundantes (inflamação, tumor que comprime o nervo, ou que,
como a inflamação lhe ultrapassa os envoltórios e o invade); (3) lesões
vasculares (neuropatias vasculares); (4) inflamação do nervo.
Em Odontologia é comum encontrar casos de parestesia, em pacientes
que foram submetidos a exodontias, principalmente em terceiros molares
inferiores, onde estruturas nobres, como o nervo lingual, o nervo
alveolar inferior, nervo bucal, estão presentes, sendo assim um
movimento mais brusco, ou se houver apenas um toque no nervo, podemos
causar parestesia. Na literatura não há nenhum tipo de
tratamento específico para as parestesias, e sim apenas aguardar para
que com o tempo o nervo afetado volte a sua normalidade.
CONCLUSÕES
Como conclusão do trabalho, podemos dizer que:
- Na paralisia facial, temos a injúria à um nervo
motor (nervo facial), por isso há paralisia, e na Parestesia relacionada
à Odontologia, a injúria é em nervo sensitivo (nervo trigêmio), por
isso as alterações de sensação.
- As lesões em que há seccionamento no nervo requerem neurorrafia, e as sem seccionamento evoluem com boa recuperação.
- É de suma importância o tratamento em equipe multidisciplinar para que os resultados sejam rápidos e adequados.
- As lesões em que há seccionamento no nervo requerem neurorrafia, e as sem seccionamento evoluem com boa recuperação.
- É de suma importância o tratamento em equipe multidisciplinar para que os resultados sejam rápidos e adequados.
Referências Bibliográficas
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Fonte: www.cispre.com.br
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