A mononucleose infecciosa é uma doença contagiosa, causada por um vírus da família do herpes chamado de vírus Epstein-Barr (EBV) e transmitida através
da saliva. É mais comum em adolescentes e adultos jovens e se
caracteriza pela tríade clínica de febre, dor de garganta e aumento dos
linfonodos.No carnaval o ídice de doenças transmissíveis aumenta bastante, então vale apena entender melhor e prevenir-se.
Transmissão da mononucleose infecciosa
O vírus Epstein-Barr é transmitido de humano para humano, através
da saliva. Por esse motivo ganhou a alcunha de "doença do beijo". Além
do beijo, pode-se contrair mononucleose através da tosse, espirro e
objetos como copos e talheres. Apesar de se transmitir de modo
semelhante a gripe, o Epstein-Barr é um vírus menos contagioso, o que faz com que seja possível haver contato com pessoas infectadas e não se infectar.
Um indivíduo infectado pelo EBV pode manter-se com o vírus na sua
orofaringe por até 18 meses após a resolução dos sintomas, podendo
contaminar pessoas que com quem mantenha algum contato íntimo,
principalmente se prolongado. Em 2004 um trabalho demostrou que a
maioria dos pacientes ainda tinha o vírus na sua orofaringe mesmo 8
meses após o fim dos sintomas.
Na verdade, a maioria das pessoas que desenvolvem mononucleose não se
recorda de ter tido contato com alguém doente, e a própria pessoa que
transmite o vírus sequer imagina que ainda possa transmiti-lo.
Não é de se estranhar, portanto, que apesar da baixa infectividade, em
alguns países mais de 90% da população adulta apresente sorologias
positivas para EBV.
Na maioria dos casos, os pacientes têm contato com o vírus da mononucleose pela primeira vez ainda durante a infância.
Sintomas da mononucleose
Quando adquirida na infância, a mononucleose costuma passar
despercebida. Menos de 10% das crianças infectadas apresentam sintomas.
Essa incidência começa a subir com o passar dos anos, atingindo seu
ápice entre os 15 e 24 anos. Esta é a faixa etária que mais costuma
apresentar infecção sintomática. A mononucleose é rara após o 40 anos,
uma vez que virtualmente todos neste grupo já terão sido expostos ao
vírus em algum momento da vida.
Nas pessoas que desenvolvem sintomas, o período de incubação, ou seja,
desde o contato até o aparecimento da doença, é em média de 4 a 8
semanas.
O quadro clínico típico envolve febre, cansaço, dor de garganta e
aumento dos linfonodos do pescoço (ínguas). É um quadro muito semelhante
as faringites comuns causadas por outros vírus e bactérias.
Outros sintomas inespecíficos como dor de cabeça, dores musculares, tosse e náuseas também são comuns.
Na mononucleose a fadiga costuma ser intensa e persiste por semanas após
a resolução do quadro. O aumento dos linfonodos também é um pouco
diferente da faringite comum, acometendo preferencialmente as cadeias
posteriores do pescoço e frequentemente se espalhando pelo resto do
corpo. Uma dica para o diagnóstico diferencial entre as faringites
bacterianas e a mononucleose é o aparecimento de uma
rash (manchas vermelhas) pelo corpo após o início de antibióticos, principalmente amoxacilina.
Outro sinal característico da mononucleose é o aumento do baço, chamado
de esplenomegalia. Quando este ocorre, é necessário manter repouso,
devido ao risco de ruptura do mesmo. A ruptura esplênica (ruptura do
baço) é rara, mas quando acontece leva a risco de morte devido ao
intenso sangramento que se sucede. O baço aumenta tanto de tamanho que
pode ser palpável abaixo do gradil costal esquerdo.
O acometimento do fígado não é incomum, podendo levar a um quadro de
hepatite com icterícia e aumento do fígado em até 20% dos casos. Outras complicações descritas, porém, menos comuns, são a síndrome de Guillain-Barré e a paralisia facial.
Um fato que causa confusão, inclusive entre médicos, é a diferença entre
a doença mononucleose infecciosa e a síndrome de mononucleose. O
primeiro é causado pelo
Epstein-barr vírus e é o alvo de
discussão deste texto. O segundo engloba todos os agentes etiológicos
que podem cursar com dor de garganta, aumento de linfonodos, febre e
aumento do baço. Entre eles destacam-se o HIV, citomegalovírus, linfomas
e toxoplasmose. Portanto, ter mononucleose infecciosa é diferente de
ter uma síndrome de mononucleose.
Diagnóstico da mononucleose
O diagnóstico é feito através do quadro clínico e confirmado por análises de sangue.
No hemograma da mononucleose um achado típico é o aumento do número de
leucócitos (leucocitose), causado pela maior produção de linfócitos
(linfocitose). Na faringite bacteriana, são os neutrófilos que
encontram-se elevados
Quando o fígado é acometido, pode haver elevação da TGO e TGP.
O diagnóstico definitivo, porém, é feito através da sorologia, com a
pesquisa de anticorpos. O mais comum e simples é um exame chamado
monoteste.
Tratamento da mononucleose
O tratamento baseia-se em sintomáticos e repouso. Não há droga
específica para o vírus e o quadro costuma se resolver espontaneamente
em 2 semanas.
Devido ao risco de ruptura do baço, recomenda-se evitar exercícios por pelo menos 4 semanas.
Durante muitos anos se associou a mononucleose com a síndrome da fadiga crônica.
Porém, hoje sabe-se que a fadiga da mononucleose é diferente. O cansaço
prolongado que pode ocorrer normalmente não vem associado com os outros
sintomas da síndrome e normalmente ocorre por reativações mais fracas
do vírus.
Por Dr. Aníbal Ribeiro.
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