O problema é mais sério do que se imagina, ela pode ser responsável pela endocardite e até levar à morte.
Inimiga do peito
Veja como a cárie pode causar um tremendo problema no coração
Bactérias mil Na boca de quem tem cárie ou gengivite, os germes existem aos montes. Conforme a cárie avança, áreas cada vez mais próximas da corrente sanguínea, como a raiz, são infectadas.
Estranha no ninho Uma vez circulando pelo sangue, esses micróbios, outrora inofensivos, passam a ameaçar todo o corpo, em especial o coração de quem tem alguma doença preexistente.
Endocardite Se o endocárdio, tecido que reveste as camadas internas do órgão, já está lesionado, o ambiente fica perfeito para a bactéria proliferar e provocar uma infecção ali.
A vilã A Streptococcus mutans da cárie, culpada por 40% das endocardites, adora aderir ao tecido cardíaco e é capaz de levá-lo à falência.
Veja como a cárie pode causar um tremendo problema no coração
Bactérias mil Na boca de quem tem cárie ou gengivite, os germes existem aos montes. Conforme a cárie avança, áreas cada vez mais próximas da corrente sanguínea, como a raiz, são infectadas.
Estranha no ninho Uma vez circulando pelo sangue, esses micróbios, outrora inofensivos, passam a ameaçar todo o corpo, em especial o coração de quem tem alguma doença preexistente.
Endocardite Se o endocárdio, tecido que reveste as camadas internas do órgão, já está lesionado, o ambiente fica perfeito para a bactéria proliferar e provocar uma infecção ali.
A vilã A Streptococcus mutans da cárie, culpada por 40% das endocardites, adora aderir ao tecido cardíaco e é capaz de levá-lo à falência.
Para criar uma maior consciência sobre a
gravidade desse buraquinho no esmalte dentário, chega ao país a Aliança
para um Futuro Livre de Cárie, iniciativa internacional que reúne
experts em odontologia ao redor do globo com a missão de alertar os
profissionais de saúde e desafiar os responsáveis por políticas públicas
sobre a necessidade de educar a população para prevenir o problema.
"Nossa meta é ensinar às pessoas que o diagnóstico é simples e deve ser
feito o mais rápido possível", conta o odontologista Marcelo Bönecker,
professor da Universidade de São Paulo e presidente da Aliança no
Brasil. Ousada, a empreitada almeja que crianças nascidas a partir de
2026 sejam livres de cárie.
A origem do buraco
Tudo
tem início quando a saliva não realiza uma de suas funções primordiais,
que é ajudar a manter o pH da boca estável e, com isso, o esmalte, uma
espécie de escudo da dentição, intacto. Fatores como má alimentação e
falta de higiene impedem que esse detergente natural equilibre o pH,
abrindo alas para a acidez. Ela contribui para a explosão demográfica de
bactérias que vivem ali sossegadas e são responsáveis por converter o
açúcar dos alimentos em mais e mais ácidos. E esse círculo causa
estragos.
"Os micro-organismos destroem o esmalte e, se não
controlados, podem consumir o dente todo", explica o odontologista Luiz
Akaki, de São Paulo. Essas verdadeiras erosões são agravadas por
determinados quadros de saúde. Asmáticos, por exemplo, estão mais
sujeitos a sofrer com elas. "Quando respiramos pela boca, a secreção
salivar diminui, baixando a proteção do dente contra bactérias", aponta
Bönecker. "Com a secura, a tendência é tomar bebidas doces, o que piora
de vez a situação", completa. Outra doença que a presença de muita cárie
pode denunciar é o diabete. Nele, os níveis de glicose vão às alturas e
são outro sabotador da produção de saliva. Às vezes, porém, é a cárie
que causa novas confusões. Ora, os bichos cariogênicos financiam
problemas no coração.
Para afastar o risco de cárie e doenças
periodontais, escovar os dentes corretamente é importante, mas a limpeza
profissional também não deve ser desprezada. Recentemente, a American
Heart Association publicou um estudo revelando um dado inusitado:
pessoas que se submetiam com frequência a esse procedimento no
consultório apresentavam uma probabilidade 24% menor de ataque cardíaco e
13% mais baixa de um acidente vascular cerebral. Nada mal...
Essa relação surpreendente tem uma explicação simples. Uma gengiva inflamada, ou uma cárie que já atingiu a raiz do dente, libera no corpo uma porção de substâncias inflamatórias. "Esses agentes desestabilizam a placa de gordura que existe nas artérias, favorecendo seu rompimento", esclarece o dentista Ricardo Neves, diretor da Unidade de Odontologia do Instituto do Coração (Incor), em São Paulo. A inflamação pode dificultar o fluxo de sangue até que ele pare totalmente, ao gerar coágulos ou placas que tampam 100% da passagem. É esse acidente de trânsito que deflagra infartos e derrames.
Essa relação surpreendente tem uma explicação simples. Uma gengiva inflamada, ou uma cárie que já atingiu a raiz do dente, libera no corpo uma porção de substâncias inflamatórias. "Esses agentes desestabilizam a placa de gordura que existe nas artérias, favorecendo seu rompimento", esclarece o dentista Ricardo Neves, diretor da Unidade de Odontologia do Instituto do Coração (Incor), em São Paulo. A inflamação pode dificultar o fluxo de sangue até que ele pare totalmente, ao gerar coágulos ou placas que tampam 100% da passagem. É esse acidente de trânsito que deflagra infartos e derrames.
O elo entre saúde
bucal e doenças cardiovasculares é tão relevante que desde 1977 existe
no Incor uma divisão especialmente focada em tratar problemas na
cavidade oral em pacientes cardíacos. A preocupação é justamente evitar o
risco de endocardite, infecção grave com índice considerável de
mortalidade (veja o infográfico na página ao lado). "A boca é
responsável por 40% das ocorrências desse mal, e nossa função é evitar
que todo o esforço no tratamento vá por água abaixo", expõe Neves. O
cardiologista Max Grinberg, diretor da Unidade de Valvopatias do centro
de referência paulistano, completa: "Sempre recomendamos que os
pacientes com disfunções nas válvulas cardíacas façam visitas regulares
ao odontologista".
Mesmo quem tem o peito batendo no ritmo certo
não deve fugir da cadeira do dentista. "Apenas esse profissional
consegue retirar todo o tártaro, placa bacteriana que enrijece após 48
horas sem remoção, e realizar o polimento, que evita por um bom tempo a
adesão de novas placas", explica Luiz Akaki. Capriche no uso do fio
dental - só ele é capaz de limpar o espaço entre os dentes.
Enxaguatórios bucais, de preferência sem álcool, também ajudam a limar a
placa e alcançam lugares aonde a escova e o fio não chegam. Com a
higiene em dia, é possível eliminar o perigo na boca - e no coração.
Doença periodontal
Assim
como a cárie, essa infecção é causada pela placa bacteriana. Além de
danificar a gengiva e os tecidos da maxila e mandíbula, causando
sangramento e inchaço, ela provoca uma série de chabus. "Isso porque, de
novo, as bactérias podem cair na corrente sanguínea e chegar a
diferentes órgãos", alerta o odontologista Sigmar de Mello Rode,
professor da Universidade Estadual Júlio de Mesquita Filho, em São José
dos Campos, no interior de São Paulo.
Fotos Alex Silva | ilustração O.Silva
Fonte: www.revistasaude.com.br
Fotos Alex Silva | ilustração O.Silva
Fonte: www.revistasaude.com.br
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