Uma forma de câncer pouco falada e que afeta milhares de brasileiros todos os anos também é uma das modalidades da doença mais facilmente identificáveis.
O câncer de boca atingiu no ano passado 14.120 pessoas, sendo 10.330
homens e 3.790 mulheres, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca).
Os principais fatores de risco são o fumo, a ingestão de bebidas
alcoólicas e contaminações pelo vírus HPV, contraído em relações
sexuais.
Os dados foram divulgados durante o lançamento da segunda
etapa da Campanha Nacional contra o Câncer de Boca nesta sexta-feira
(14), que ocorreu durante o 8º Simpósio Internacional de Prótese e
Implante, que se encerra hoje no Rio. Por causa da doença, os pacientes
têm diversas partes do rosto atingidas – incluindo olhos, bochechas e
orelhas – o que só pode ser revertido com a retirada das áreas
comprometidas e o implante de próteses e tecidos.
O coordenador de
Saúde Bucal do Ministério da Saúde, Gilberto Pucca, explicou que a
melhor forma de se evitar a doença é a prática de hábitos saudáveis,
aliada ao autoexame da boca, o que pode ser feito diante de um espelho.
“Nós
podemos diminuir o número de casos. O esforço que o governo tem feito é
que se massifique as informações de prevenção, como o controle do
tabagismo e das bebidas alcoólicas, além dos protetores labiais para
pessoas cotidianamente expostas ao sol. Ao menor sinal de alteração na
mucosa bucal, deve se procurar orientação médica ou odontológica”, disse
Pucca.
Durante o autoexame, deve se procurar por sinais como
feridas que não desaparecem, nódulos ou caroços, dor persistente na
boca, manchas brancas, vermelhas ou rochas dentro da boca, dificuldade
para mastigar, engolir ou mexer a língua, inchaço ou dor no maxilar, dor
constante na orelha, sangramento na boca, rouquidão. Na dúvida, o
próprio dentista pode ajudar a diagnosticar, encaminhando o paciente ao
serviço especializado.
Para o diretor-geral do Inca, Luiz Antônio
Santini, é importante detectar a doença nas fases iniciais, pois a maior
parte das pessoas – cerca de 80% – só descobre o câncer de boca nas
fases avançadas, o que dificulta o tratamento. Segundo ele, a taxa de
mortalidade do câncer de boca gira em torno de 13%, considerada alta
para os padrões da doença.
“É um câncer evitável e que se for
detectado precocemente é curável. A campanha tem o benefício de
mobilizar e esclarecer a sociedade de que é importante prestar atenção
na doença. O autoexame deve fazer parte de uma campanha global, que
também precisa oferecer o serviço odontológico. O profissional que
trabalha nas campanhas públicas, como o Brasil Sorridente [do Ministério
da Saúde], tem que ser treinado para detectar as doenças que existem,
mas às vezes ele não vê”, disse Santini.
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