É o odor desagradável e, muitas vezes, repugnante do ar expelido pelos
pulmões. Pode ter diversas causas, e varia com o período do dia e a idade da
pessoa, agravando-se à proporção que a fome aumenta. É mais facilmente
percebido por estranhos do que pela própria pessoa portadora de halitose.
Segundo
algumas pesquisas internacionais, 57% das causas do mau hálito são de origem
bucal, relacionadas á cáries, doença periodontal, lesões da mucosa bucal,
patologia das glandulas salivares dentre outras; e 43% de origem sistêmica,
desde problemas otorrinos lógicos, gastroentelogicos e produtos exalados pelos
pulmões, como eliminação de substâncias ingeridas como todos os tipos de
drogas, produtos
originários de doenças sistêmicas como diabetes etc.
Já o mau hálito matinal não é, no entanto, considerado um problema, pois é
fisiológico, presente em 100% da população. Ele acontece devido a leve
hipoglicemia, a redução fluxo salivar durante o sono, além do aumento da flora
bacteriana anaeróbia proteolítica. Esses microorganismos atuam sobre a
descamação natural da mucosa bucal e sobre proteínas da própria saliva, gerando
componentes de cheiro desagradável (chamados de compostos sulfurados voláteis
ou CSV).
Esta halitose matinal, no entanto deve desaparecer após a higiene dos dentes
(com fio dental e escova), da língua e após a primeira refeição da manhã, caso
contrário, pode realmente ser considerada mau hálito.
A halitose pode ser causada por diversos fatores, bucais e não bucais,
fisiológicos (que requerem apenas orientação) ou patológicos (que requerem
tratamento).
Dentre os fatores bucais, a causa mais comum é a higiene oral deficiente e
conseqüente formação de saburra lingual e placas dentárias. A higienização
precária da língua (levando à formação de saburra), reentrâncias retentoras de
alimentos, cáries, substâncias plásticas usadas na confecção de dentaduras e
pontes (por infiltração de líquidos bucais), são outras causas bucais
importantes.
A saburra é um material viscoso e esbranquiçado ou amarelado, que fica
aderida ao dorso da língua, principalmente no terço posterior. A saburra
equivale a uma placa bacteriana lingual, em que os principais microrganismos
presentes são do tipo anaeróbios proteolíticos, os quais, conforme foi
explicado para a halitose da manhã, produzem componentes de cheiro desagradável
no final do seu metabolismo.
Já as causas extrabucais mais freqüentes são as doenças da orofaringe, bronco-pulmonares,
digestivas, alcalose, doenças hepáticas, perturbações do sistema
gastrointestinal, diabetes (odor de acetona ou fruta), nefrite (odor amoniacal
característico devido à concentração de uréia na saliva e sua decomposição em
amoníaco pelas bactérias), tabagismo, doenças febris, deficiência de vitamina A
e D, intestino preso, estresse e causas desconhecidas. Também são fontes de mau
cheiro, as próteses mal adaptadas e as restaurações defeituosas. Hoje sabemos
que o estômago tem pouca participação na gênese desse odor desagradável, o que
pode ocorrer durante o vômito ou em casos de eructação.
A simples presença de mau hálito, apesar de não ter grandes repercussões
clínicas para a pessoa, pode, na maioria das vezes, provocar sérios prejuízos
psicossociais. Os mais comumente relatados são a insegurança ao se aproximar
das pessoas, a depressão secundária a isso, dificuldade em estabelecer relações
amorosas, esfriamento do relacionamento entre o casal, resistência ao sorriso,
ansiedade, e baixo desempenho profissional, quando o contato com outras pessoas
é necessário.
O diagnóstico é facilmente feito, pela história clínica e constatação do mau
cheiro característico. Inicialmente deve-se tentar eliminar as possibilidades
de causas fisiológicas e halitose secundária a outras doenças.
A investigação inicial inclui o exame detalhado da boca, da língua e da
parte dentária, em busca de sinais de higienização precária, gengivites e
periodontite, além da saburra lingual.
Hoje já existem, no entanto, métodos complementares que auxiliam este
diagnóstico. Dentre eles está a sialometria (medida do fluxo salivar) e a
halímetria. Esta última é conseguida através de um moderno e portátil aparelho
que mede, em partículas por bilhão, a quantidade dos compostos sulfurados
voláteis, presentes na boca. O halurímetro permite uma avaliação da gravidade
do problema, além do acompanhamento da evolução do tratamento e do diagnóstico
de pacientes com halitose psicogênica.
A prevenção é a medida mais importante no caso do mau hálito, e acaba sendo
a principal forma de tratamento. Deve-se ter cuidado com a alimentação e,
principalmente, com a higiene bucal.
No caso de tendência ao mau hálito, deve-se evitar carne gordurosa, fritura,
repolho, brócolis, couve-flor, alho, cebola. Deve-se dar preferência ao leite
desnatado e ao queijo branco ou ricota, evitar bebidas alcoólicas, fumo e
medicamentos com cheiro acentuado.
A alimentação rica em cenoura, maçã e outros alimentos fibrosos auxilia na
promoção de uma limpeza total na parte dos dentes, na linha das gengivas.
Uma boa freqüência de ingestão de água e de alimento que contenha algum
carboidrato também é muito importante.
A higiene bucal e lingual deve ser caprichada. Os dentes devem ser bem
escovados, sempre que necessário, principalmente após cada refeição. A língua
deve ser limpa com raspadores específicos, a cada escovação de dentes, para a
eliminação da saburra. O uso de fio dental e a realização de bochechos (com uma
pitada de bicarbonato de sódio ou anti-sépticos bucais) melhoram
significativamente este problema.
Também pode ser feita uma estimulação da produção de saliva de uma maneira
fisiológica, com balas sem açúcar, gomas de mascar, gotas de suco de limão com
um pouco de sal.
No entanto, consultas periódicas ao dentista são essenciais, principalmente
para uma higienização mais profissional, única forma de remover a placa
bacteriana ou o acúmulo de tártaro na região inferior dos dentes.
Dr. Aníbal Ribeiro.